saguão de hotel, estofados laranja. eu, que não sou muito do laranja, parada no corredor esperando pelo elevador. ele chega, eu entro. entram muitos mais. alguém pisa no meu pé. o elevador me irrita. no saguão do hotel encontro uma mulher toda vestida de laranja, como o saguão. ela me abraça. já estou inventando, que eu não lembro mais. queria era sonhar mais, mas acho que ando tão pragmática, que ando sonhando pouco. mas não será esta uma separação muito pragmática também entre sonho e não-sonho. sei que hoje não quero ter de ir longe. já bebi meio litro de chá de erva príncipe. e tenho cólicas.
o b dia desses leu pra mim um trecho que o castañeda conta de umas índias que menstruavam vendo paradas uma fenda se abrir entre as montanhas. quer dizer, tinham que olhar a montanha até verem a fenda. quer dizer, eu já estou inventando, o b disse outra coisa, mas eu gostei dessa imobilidade atenta, também chamada cansaço com sangue.
talvez se eu imaginar um pote com sangue bem escuro fervendo até cheirar sangue pelas paredes como no inverno respiram as paredes o frio e se há fogo transpiram facilmente as paredes se fosse sangue na panela de um bicho ou seu; ficavam cor?
tenho visto muitos romanos de noite, na casa do meu bem, de dia fico assim, vendo romanos, augúrios, augustos, ave! estou pra o que é que tem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário