terça-feira, 13 de novembro de 2012

acordo antes do despertador
antes até das 8h30
os nove graus ditam o ritmo
casacos antes dos remédios nos olhos
da gata que ronrona toda doce
mesmo que o colírio arda
banho mais quente que o quente dos banhos
tudo entrecortado por espirros
a roupa por cima do meio úmido
vestir-se ainda no cômodo em que se banha
(as variantes entre as nossas línguas por vezes me obrigam a falar como se esquecida das palavras certas)
o café fica sendo o primeiro movimento para fora
sem ele não enfrento a saída do estado de tapete enrolado
nem ir ao consulado pegar meu passaporte
na faculdade pagar a faculdade
isso que esta noite sonhei com o júri da minha dissertação
(sim, aqui é assim que se chama)
ele acontecia numa rotatória
na rotatória da pracinha da igrejinha da granja
lugar onde tantas vezes esperei
teve uma que prendi o dedo na porta do gol vermelho
minha mãe não viu e saiu acelerando
essa noite estávamos lá
eu a. e s.
o primeiro anotava frases na lousa do que eu tinha feito
eu olhava aquelas frases e dizia pra mim mesma
"meu deus, nunca pensei que fosse ter que explicar meus versos assim, sendo que esses, eu que fiz!, e não entendo"
mas ele parecia contente com o lirismo
mais contente do que eu?
enquanto isso s. sentada como se estivéssemos tomando chá com a alice
alice e toda a turma
mui distinta, me dizia algo que a sensação era como
"ler teu trabalho é como tomar chá com alice"
sendo que alice também podia ser uma senhora mui distinta
nobre talvez até
guardando biscoitos para os netos mais novos.
a vida tem seus mimos.
o mínimo é a vida.

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