terça-feira, 19 de novembro de 2013

tempo

fui procurar um poema sobre são paulo que escrevi em 1999 e é dos primeiros que tenho memória de ter escrito e ainda lembrar dele; afinal encontrei um arquivo com 25 páginas de poemas escritos antes de 2001. impressionante já me ver lá naquela voz, ler que é a mesma voz, mas eu queria o quê? que a voz fosse outra? é que a vida muda tanto, tanto. e eu me exercitava mais nas ideias dentro dos poemas do que hoje, por exemplo escrevendo poemas de estrutura formal similar, em que um defendia num o frio, no outro o calor. ou em um a noite, no outro o dia. 
mas era ainda uma ligação moral entre essas coisas. carol falou que o fellini falou que associar de imediato mal e escuro, bem e luz é uma moral. carol é um gênio, federico de capricórnio, daí já viu: grudou-lembrei.
hoje fui procurar o esboço de um poema sobre são paulo, que escrevi dois meses atrás no meu diário, mas quem disse que eu encontrei o diário? deixa que eu te diga, tive que abrir os mais ou menos 20 cadernos dos últimos 4 anos, e de todos perceber que não eram o que eu procurava. repentinamente, agora penso que será a contribuição pra gratuita número 2, a minha. e que como tudo, terá de ser construído gradualmente, assim portanto não o encontrei. mas achei o começo do poema que eu tinha escrito ontem, só que num caderno de 2 anos atrás. pra além de ter um novo poema reitegrando partes de uma mesma sensação sobre a NOITE, encontrei no começo de um caderno de 2011 essa pérola:
"vocês não acham que sorte haverá? o meu avô foi o primeiro a abrir os matos? ele conhecia as ervas da floresta, da selva, as ervas do mato mesmo. 
(Portugal está me levando aos meus avós?)
deixa a mandíbula solta que chega até o vovô num espeto. agora que notei que vou fazer um caderno editado dos meus diários"

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só no meio de 2013 é que comecei o arquivo "a história do meu avô".

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saturno é tão literal: estrutura & nem pense em atravancar os meus ossos, que eles estão a se deslocar de lugar. preciso voltar e ver não aqueles dois quartos vazios, mas aqueles quartos cheios não de ossos. cheios de ternuras, entendimentos. a ternura que é o entendimento. 
o nome do arquivo da minha adolescência, do livro que eu pensava reunir na altura é "tentativas em um acaso", destilei do acaso para o destino e me vi mais fidedigna, por enquanto, no agora.

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