sexta-feira, 3 de abril de 2015

toda vez que um poeta

toda vez que um poeta encontra uma fórmula e só a repete
toda vez que um poeta não perfura os caminhos da já-língua
toda vez que um poeta diz aquilo que se espera dele
toda vez que um poeta não alarga nem cria distúrbio no que as instituições lhe pedem
toda vez que um poeta acredita no jornal que lhe espanca a escrita
toda vez que um poeta sorri direito, strike a pose, alinha o cabelo
toda vez que um poeta
esquece aquele que nunca foi
toda vez que um poeta se conforma com o morto no colo
toda vez morre um pássaro acabado de nascer, cai do ninho, sem acolhimento, no asfalto.



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