sexta-feira, 29 de abril de 2016

cheguei no poupatempo pra habilitar meu título de eleitor cerca de 3 horas da tarde, uma fila gigantesca chegava até a porta de entrada, fui pedir informações no balcão principal, voltei pra fila da porta de entrada, a atendente da fila. sim, uma atendente no final da fila (o Brasil não para de me surpreender, cada final de fila tem uma pessoa responsável por ficar no fim dela explicando pra quem chega que aquela é a fila exata, sim, ou não) me diz "a última pessoa que vamos atender nas próximas 2 horas é este senhor aqui"; eu respondi "esse senhor na minha frente?" e era, e eu tinha chegado 4 segundos depois que o senhor na minha frente que era o último da fila. desgraçados sejam os segundos que levam ao imprevisto.

resolvida que não voto desde 2008 e determinada a que isso não continuasse assim, perguntei que horas eu conseguiria ser atendida. não satisfeita com a resposta "volte amanhã", insisti e ouvi da atendente "talvez às 17h voltemos a abrir para atendimentos, vai depender da demanda do sistema".

e eu "demanda do sistema? mas como vocês dizem que ficam abertos até às 19h pra esse tipo de serviço e faltando 4 dias pra o prazo final eu só vou ser atendida se uma 'demanda do sistema' funcionar?". com o nada feito da demanda do sistema (what a fuck? não consigo lidar com esses conceitos ambulantes que viram triviais verborrágicos), resolvi ir até o mercado da Lapa, que é um micro lugar de preciosidades, por exemplo eles vendem as melhores velas de 7 dias que alguém já pode ter encontrado, cachimbos e sedas a preços módicos, e tem as melhores lojas de ervas que já vi: duas, uma em frente da outra, com tudo fresco. ervas pra culinária? também. mas ervas pra medicina. e as plantas têm uma capacidade muito curiosa de cuidar tanto do emocional como do espiritual das pessoas.

no mercado fiz uma hora, entre outras coisas descobri com o rapaz da loja que "canela de velha", a planta que uma senhora comprava, serve para osteoporose. não conseguia discernir com tanto verde sendo vivo ali ao dispor e com tanta especificidade de ervas frescas comprei um trivial ramo de arruda bem farto, enfiei no bolso do casaco e voltei pro poupatempo, sem não antes dar uma olhada em pijamas, que o frio chego. entro no poupatempo com o ramo de arruda no bolso esquerdo, grandão gigantesco, eu a samambaia ambulante do amuleto, voltei, agora vocês vão me atender. não eram 17h, eram 16h20 e como eu desconfiava, já atendendiam novas pessoas. a fila estava minúscula, colei no fim dela.

aí no fim dela vem outra atendente que me diz EXATAMENTE a mesma coisa que de 1h30 antes. eu falei "amiga, não tô acreditando que hoje é meu dia mesmo, também quem mandou trabalhar com astrologia e vir aqui justamente no dia em que mercúrio foi completar a turma da retrogradação de vez e 70% do sistema solar tá andando pra trás?!!!! e eu esperando justiça eleitoral...". quer dizer, eu sorri e expliquei, e argumentei e fui simpática e exigi os meus direitos e reclamei e sorri novamente e fui ficando no fim da fila até, simplesmente, entrar pra área dos que iam ser atendidos porque eu me parecia um deles. uma mulher atrás de mim fez a mesma coisa. o Brasil é mesmo dos gregários cheios de jeitinho.

quando eu já estava com senha a atendente voltou e me disse "isso que dá ser esperta e discreta, outra pessoa não tinha conseguido" & a mulher do guichê comentou que dava pra sentir o cheiro de arruda de muito longe, mas que ela achava que vinha de outra mulher e eu reparei que a outra mulher era negra e pensei "o que pensar disso?". então olhei bem pra arruda enquanto ela conferia meu endereço e preenchia no sistema cheio de demandas, quando percebi que o cheiro de arruda tinha aberto minhas vias respiratórias e eu tinha parado de espirrar porque deusnosacuda esfriou eu resfrio, tô pra renascer numa roupa de astronauta mas enquanto isso não acontece tô me valendo mesmo das arrudas & afins, cada vez mais são as formas mais imediatas que encontro de regeneração.

sei que umas duas horas depois eu estava conversando com um atendente que me dizia pra eu não reclamar da foto que ele tinha tirado porque no inverno é a época que as mulheres se vestem melhor e eu tive vontade de mostrar pra ele a quantidade de kleenex usado que eu tinha no bolso, mas sorri e falei "vai essa mesmo", enquanto pensava "jesus no título que cara de que fumei seis que eu tô". quando o rapaz me deu finalmente meu novo título nas mãos eu disse "é esse papelzinho? só isso? nossa, foi tão fácil, que emoção". ele riu. e eu pensei "vai ser a primeira vez que vou votar na cidade em que eu nasci".

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