segunda-feira, 27 de junho de 2011

part time

tão difícil, a melhor coisa, escrever.
tanto tanto pra um, dois ou três, ou nenhum.

acho que tenho sonhado
com hotéis. acordo e minha mãe me escreveu
dizendo que percebeu que não sente mais falta
mas saudade.

e eu acho que inverti tudo, comecei pela melhor parte
(segundo mamãe, as saudades). eu nem
análise faço mais pra saber de nada.

mas levanto no meio da tarde e vou ler o poema
de carlos drummond de andrade
"com o pensamento em ana cristina"
por muito tempo desconfiei que ausência é falta.

penso que o Atlântico talvez seja mesmo
uma forma de suicídio. renomado
imortal. ou será que os oceanos terão
um dia, fim? será que enfim a morte é
onde as coisas terminam?

digo pra um amigo que os funerais são uma parede
com travo de desespero, ou cansaço. pra outro
peço que me escreva, encarnecidamente, porque
ouço a voz dele o dia inteiro. mas ouço em silêncio
por isso não me aterrorizo com pouco.

inclusive só me aterrorizo com o tempo 
em que eu pensava, recorrentemente, em suicídio.
mas o oceano, não. o oceano me dá as duas faces.

já contei que foi só vindo viver aqui que virei brasileira?
gosto muito de errar em certos privilégios. é como uma espécie de
dizer, portuguesamente, gosto muito de gozar em certos
privilégios. fica dito assim: é verdade, os brasileiros somos mesmo
qualquer coisa. o que reconhece a identidade posterior é o problema?

digo: a identidade está já traçada, é a identificação completa entre os pólos dela
o equívoco? mas aqui já acabou o poema, e começou a dissertação.

(acho importante separá-las.
inclusive, se eu pudesse, separava tudo no mundo.
aprendia a ser virginiana. tenho sempre alguns ao meu lado. os vejo
muito, desde a infância. eu mesma aprendi certos detalhes que não me confundem mais).

por exemplo, só.

Nenhum comentário:

 

Free Blog Counter