eu hoje fiz rabanadas até a casa feder a óleo e eu mesma ser incapaz de pensar nelas, em comê-las. mesmo assim as comi, é Natal - e entre outras coisas, sobretudo é pra isso que estamos vivos.
é vagaroso viver, astronauta. nem sabes das coisas que passam e estão aqui na terra.
eu sei que vês, mas não - . - sei que nossa relação tem limites, mas por favor, me arranca dessa tela luminosa.
metade do que eu conheço está além de mim.
tem certas coisas que eu já não quero mais acreditar/duvidar entender-esquecer. ou mais: pontos pacifícos de estar. um deles é o Natal. não quero nem gostar nem não gostar, mas tem o estar e ele é comunidade com os homens.
todos estão nisso, até os que querem que não. eu agora vivo em Lisboa num dos lugares mais turísticos da cidade e posso vê-los transitando da minha janela. pixaram no muro do miradouro em frente
TURISTS ARE TERRORISTS - assim com o erro mesmo.
eu não diria isso, mas acho engraçado de como é violento com os tapados. em geral os turistas tão meio assustados em OWHHH HOW WONDERFULL e tal. eu gosto dessa ingenuidade, inclusive eu gosto de algumas outras ingenuidades também.
vejo assim, hoje vi, chineses, alemães, brasileiros, um espanhol viajando sozinho. não que eu tenha falado com eles, mas começas a aprender a reconhecer as nacionalidades pelas roupas e jeitos do corpo, e - claro, as etnias em alguns casos facilitam. todos estavam vivendo a véspera de Natal como a véspera de Natal. era possível perceber isso, não é um dia qualquer.
e não ser um dia qualquer não significa muito mais. é o belíssimo solstício de inverno, os dias agora voltarão, para o lado de cá, a ficarem mais longos, pouco a pouco. e ainda bem. mas mesmo, pra além disso. a carol disse hoje: a gente nasce sozinho e morre sozinho, mas a gente vive junto.
às vezes sair da 'comunidade' é o lance de dados que atrasa. a professora disse uma vez: "se eu digo: 'está a chover' e depois completo, 'mas não sei o que chuva significa', é quando eu me retiro da comunidade, do estar junto.
isso me aconteceu, acontece, tantas vezes. das palavras todas ficarem gastas e pra isso eu deixo de acreditar nelas. talvez por isso eu goste de ano-novo, aniversário, natal. porque a gente está junto, e ainda bem. fritura porque nos quero.