quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

quase vinte e oito

Horizonte de uma seriedade.

Eu querendo sonhar com a história – quanta pretensão, pelo menos quanta pretensão fazê-lo sem sofrimento.

Dois dias depois ele me disse ESTOU DE LUTO e preciso mudar de país.

Dois dias depois dos dois dias depois é Natal.
Aquele choro na vovó. Digo Amém ao telefone.

Dois dias depois dos quatro dias depois dobro a esquina da minha casa que fica de frente para a baía – que eu quis ter – viro a esquina pensando “o corpo este inimigo”.

O horizonte de uma seriedade é que a última vez que eu pensei isto eu mudei de país.
Eu quis ter a minha janela para a baía e tenho.

Sonho que cago nas calças do uniforme e todo mundo vê. Sonho que apanho um comboio e encontro uma pessoa muito chata dos tempos antigos em que usávamos uniformes. Que troco de comboio e ele me leva para o lugar errado.

Tudo fica azul escuro e eu só consigo prestar atenção em como os feixes de músculos no meu corpo me controlam. Escrevo um poema para a minha mãe.

A mulher na casa de fotocópias entra reclamando do filho, que teve horas em parto, vestido de azul o recém-nascido colado ao peito, ela diz em tempos de crise só um filho é muito em tempos de crise um filho é muito em tempos de crise.

Nasceu no inverno.
Um mês antes do que eu, que nasci no verão.

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