durante
uns anos, eu não tinha nem 25, escrevi um romance. ele tinha
referências aos contrastes entre as cores: por exemplo: barro de
terracota versus verde costela-de-Adão.
não me lembro de muito mais coisa. na foto com a cara de leão eu completava naquele dia 25 anos.
também me lembro que nas duzentas páginas havia uma personagem que se chamava asaboli. ela acabou virando o amor abandonado de infância pelo narrador que se chamava Antônio.
essas páginas foram um modo de decantar o fulgor do jardim em que cresci.
*
tudo até aqui foi desimportante.
ah o que eu me lembro foi que numa noite dura e cheia de notas de
rodapé e rodeada por colegas de Letras que eram os mais inteligentes e
que só citavam,
foi terminando um trabalho sobre tropicalia, a
do caetano, que a cabeça a mil no travesseiro pensa pensou: "as aspas eu
as aboli". as aboli.
daí pra asaboli foi um pulo. um pulo frustrado, ou assim considerado neste imediato.
imediato imprescindível!
200 páginas pra nada
pensei nesses últimos anos
*
aquela personagem que não existia, asaboli não tinha dentes. asaboli
era uma alavanca, ou melhor, um cajado, minha terceira perna.
desde que a quis
abriu-se buraco negro
passei anos comendo
os versos os entendimentos
a fabricação
de outros e de outros e de mais outros
até apagar
reverenciar
fabricar
esses outros esses ouros
tudo por começar
oh pudores oh ana cristina
*
isso aqui escrito porque escrevi no caderno uns versos que daqui a pouco cito e pensei longamente se colocava aspas ou não.
vontade que me deu foi de escrever uns versos do Caetano, que
pra mim é como era a Amália
para o Variações.
"aranha tece puxando
o fio da teia
a ciência da abelha
da aranha e a minha
muita gente desconhece".
*
venturosos eram
aqueles como
o Bento e a Maria Gabriela
que elogiavam
sempre a alegria
constituintes dos entres
no entre as coisas.
*
tudo isso vendo a construção da nova teia aqui em frente.
essa aranha é daquelas que Darwin nenhum punha defeito
sexta-feira, 26 de julho de 2013
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