Naquele tempo em que acordava mais cedo do que eu mesma, porque era
a aventura social do mundo, a campainha
e que nos lugares mais inexplorados alguém, de repente,
falava e recomeçava a contar a morte
fosse ela uma paciência do que vem
ou descreviam cadáveres na sala
onde o assunto era dança, falavam da putrefação
para o constrangimento geral dos vivos.
Ou meu pai dizendo o que toda semana
pensava que a função dos vivos é ir
sempre embora contra a morte
embora do eu vou me embora disso tudo
desligo o som das portas, vou abrir para o ninguém
e cogito, não o meu fim por mim levantada
já que o homem da luz me acordou
pra marcar o correr do relógio
mas a possibilidade de qualquer abrupto
mesmo meu pai, se ele lutasse tanto
que fosse contra a morte de vez
eu em luto, também, iria de encontro
como a muro cheio de musgo
pra onde o silêncio dos vivos acelera
(mas enquanto não, vou lendo ruy belo,
) e, se avalio, de tudo me adianta ir
dizendo absurdos pra sorte de quem amo
imolo a morte, avario o norte, me digo
talvez se você não desse tanta importância aos fatos
mas não me escuto o suficiente que é para não.
Pois só é forte quem sabe o que já teve de si
do oco do mundo, a revelação do negativo
se bem que a morte não é gentileza
para quem parte do sentido, do possível
mas se - um dia - no dia - há dia - limo a perda
como uma pedra que se atira - no quê?